quinta-feira, 16 de maio de 2013

Engenheira Iara Mourão


Jovem e determinada, esta engenheira nos conta sua trajetória e suas histórias de vida.

  
Seja Única: Fale um pouco de você.

Iara Mourão: Meu nome é Iara Carolina Salles Mourão, mas todos me chamam de Iarinha, alguns de Carol. Quem me chamava de Carol era o meu pai, Luiz Roberto Salles Mourão.

Seja Única: Como foi sua infância?

Iara Mourão: Nasci em São Paulo, e tive uma ótima infância. Minha família sempre esteve presente, viajávamos juntos, inclusive avós e bisavós, o que era muito bom. É uma pena que esse tempo não volte. Tinha uma história engraçada: quando criança meus pais se revezavam para me colocar na cama, e sempre me contavam histórias para eu pegar no sono. Porém, na vez do meu pai, ao invés de me colocar para dormir, me contava histórias que me despertavam e acabávamos rindo muito, quando minha mãe percebia que estava tarde, ficava brava, já que eu estudava de manhã e precisava descansar. Então fizemos um trato: quando ela entrasse no quarto eu fingia que estava dormindo e o restante da história ficaria para depois. Estudei na Escola Morumbi, onde o amor e disciplina andavam sempre juntos. Lá fiz vários amigos e até hoje nos falamos, principalmente pelo facebook. Durante a infância e adolescência fiz natação e ballet clássico. Tentei também jogar vôlei, mas a minha altura não contribuiu muito. Essas atividades eu fazia no Club Atlético Paulistano. Minha outra paixão, que mantenho até hoje, é a dança. Inclusive participei do Festival de Dança de Joinville de 1996.

Seja Única: Qual a sua ligação com Itupeva?

Iara Mourão: Falar de Itupeva é maravilhoso, a população é muito acolhe­dora, e a cidade cresce a cada dia. Tu­do começou quando meus pais com­praram uma chácara na cidade quando eu tinha cerca de 7 anos. Desde então frequento muito Itupeva. A minha mãe, Waldete Martins Salles Mourão, hoje reside na chácara, e trabalha na Escola Manoel José da Fonseca. Tem ainda um trabalho como artesã, expondo seus trabalhos na Fênix. O que me deixa mais feliz e aumentou ainda mais os meus laços com a cidade é que a rua da chácara recebeu o nome do meu pai, fato pelo qual só tenho que agradecer. Além disso, fizemos grandes amigos e tenho alguns projetos profissionais na cidade.

Seja Única: Quais são seus planos e projetos para este ano?

Iara Mourão: Planos e projetos são co­mo sementes que precisam ser plan­tadas e cultivadas com muito carinho. Atualmente estou na fase de plan­tar. Na parte profissional hoje tenho uma empresa de Consultoria na área de Engenharia Civil, trabalhando como perita judicial, e acabei de abrir uma loja no Shopping Amarylis. Minhas me­tas são fazer crescer as empresas, e continuar me atualizando para me tornar Perita Judicial sempre melhor. Na parte pessoal, eu sou noi­va do Emerson Olímpio Pereira, que é um homem carinhoso, amoroso, atencio­so, voltado para a família e meu grande companheiro. Ele é sócio de uma administradora de condomínios e corretor de imóveis, estamos juntos há 8 anos, quem sabe vem casamento por aí.

Seja Única: Comente aspectos que lhe encantam em sua família, sua relação com seus pais e irmãos.

Iara Mourão: Eu agradeço todos os dias pela família que tenho. Fui criada com valores e princípios muitos fortes, que vou passar para os meus futuros filhos. Sempre recebi muito amor e carinho de todos os familiares. Procuro me espelhar neles, principalmente nas mulheres, bisavós, avós e mãe, que eram e são delicadas e amáveis, porém fortes, determinadas, batalhadoras e com o olhar à frente de suas gerações. Tenho 3 irmãos, sendo 2 mais velhos do 1o casamento do meu pai, Valéria e Jr., e do casamento do meu pai com a minha mãe tenho um irmão mais novo, Luiz César. Minha mãe é muito carinhosa, generosa, alegre e amiga. Ela me apóia, incentiva e aconselha em todas as minhas decisões. Está sempre presente em todos os momentos. Meu pai infelizmente já faleceu, mas sempre foi meu porto seguro, sinto muita falta dele! Como disse antes, eu estou noiva e as nossas famílias são muito unidas. Eu tenho a minha sogra, Izolina da Silva, como minha 2a mãe. Família é o maior bem que uma pessoa pode ter, é um laço feito de amor e proteção.

Seja Única: Você dirige uma empresa no ramo de avaliação e vistoria de imóveis. Esclareça aos nossos leitores o que são estas atividades e como elas são importantes para nossa vida hoje.

Iara Mourão: Sim, a empresa chama-se Mourão Consultoria e atua nas áreas de avaliação e vistoria de imóveis. Essas áreas estão muito mais presentes em nosso cotidiano do que imaginamos. Todos nós conhecemos alguém que já teve algum problema do tipo: o empreiteiro sumiu e não terminou o serviço; separação de casais que tinham imóveis juntos; desapropriação de imóvel; financiamento; vistoria antes e depois da locação, etc. Enfim, podemos exemplificar várias situações. É aí que nossa empresa entra.

Seja Única: Detalhe um pouco estes procedimentos.

Iara Mourão: A avaliação de um imóvel visa determinar o valor de mercado (comercial) tanto para compra e venda como para locação. Elas são realizadas tanto no âmbito judicial como também para pessoas físicas e jurídicas, e servem a diversas finalidades, tais como: Seguros, Garantias, Levantamentos Patrimoniais, Financiamentos, Partilhas, etc. As vistorias permitem a constatação do estado e caracterização de um imóvel, constituindo uma referência para um fato ocorrido ou para futuras apurações, lembrando-se que devem ser realizadas no momento adequado à cada finalidade.

Seja Única: Que tipos de vistoria são executadas?

Iara Mourão: Vou detalhar um pouco mais: Vistoria de confrontantes tem como objetivo a caracterização do estado dos imóveis que são vizinhos diretos e/ou que estão na área de influência do canteiro de obras; ou ainda em imóveis que irão sofrer reformas e ampliações; Vistoria de constatação tem como objetivo mostrar o estado de conservação, bem como eventuais fatos ocorridos, anomalias e vícios construtivos; A vistoria de interrupção de obras ou serviços visa caracterizar em que estágio da obra ou prestação de serviços ocorreu a paralisação; Prévia e Pós Locação tem como finalidade documentar o estado em que se encontra o imóvel antes e depois da locação do mesmo; Vistoria de stand de vendas tem como finalidade a caracterização das unidades modelo confrontando as informações obtidas “in loco”, materiais promocionais e projeto aprovado em Prefeitura e Vistoria de entrega de áreas comuns de empreendimentos visa caracterizar a área comum entregue pela construtora e incorporadora para os futuros condôminos. Estes são alguns exemplos.

Seja Única: Você é co-autora de um livro nesta área, correto?

Iara Mourão: Sim, Vistorias na Construção Civil – Conceitos e Métodos, editado pela PINI. O livro apresenta diretrizes para os serviços de vistorias, bem como apresentação de casos reais, é bem interessante para quem já atua ou pretende atuar com construção civil, incorporações, vistorias e para quem contrata esses serviços. Esse livro foi escrito por excelentes profissionais, altamente renomados, que felizmente tenho a honra e privilégio de trabalhar com eles em diversos casos. Você pode comentar sobre os acidentes que ocorreram, como por exemplo, o caso dos desabamentos dos prédios do Rio de Janeiro e o incêndio em Santa Maria? Não vou falar diretamente sobre esses casos, mas posso falar em linhas gerais sobre o que vem ocorrendo pois infelizmente existem obras sendo realizadas por profissionais não habilitados, não qua­­lificados e o pior, que não estão sendo fiscalizados. Vou dar um conselho geral, que parece óbvio mas às vezes esquecemos, e que não se aplica somente a construção,
antes de contratar qualquer serviço, verifique se o profissional é legalmente habilitado para executá-los e depois tentem obter informações de serviços anteriores do mesmo. Façam contratos e nos casos relacionados à engenharia e arquitetura solicitem a ART – Atestado de Responsabilidade Técnica. Outro conselho, sigam à risca os projetos que os engenheiros e arquitetos fizeram, não façam por conta própria alterações posteriores, principalmente os famosos “puxadinhos” e “gambiarras” sem consultá-los previamente, evitem acidentes. Acidentes e fatalidades podem acontecer, mas se houver segurança, projeto, execução correta e fiscalização os riscos serão infinitamente menores.

Seja Única: Voltando um pouco à sua vida pessoal, quando se interessou por Engenharia?

Iara Mourão: Acredito que a Engenharia está no meu DNA. Meu pai também era engenheiro, então quando criança ele me levava para “trabalhar” ao seu lado, tanto no escritório quanto nas obras. Lembro que no seu escritório ele tinha uma coleção de miniaturas de tratores e escavadeiras e o meu “trabalho” era “projetar”, “calcular” e “executar” as estradas, e eu tinha um prazo para fazer as tarefas, tudo isso em cima de uma mesinha no canto da sala de trabalho dele. No final da semana eu recebia o “salário” e ficava toda orgulhosa, pois tinha “ajudado” o meu pai e ainda recebia para isso. Quando chegava em casa ia correndo contar à minha mãe e mostrar o meu “salário” (risos). A empresa tinha uma filial em Jundiaí onde eram guardados os maquinários, e quando meu pai me levava lá era só alegria! Brincava de subir nos tratores e escavadeiras e me divertia com os coelhos e cachorros criados ali. Além disso adorava comer cenoura e rabanete colhidos na horta que mantínhamos.

Seja Única: Você está com um novo projeto no ramo comercial aqui em Itupeva. Conte-nos sobre ele.

Iara Mourão: É mais um sonho que es­tou realizando. Inaugurei em março uma loja de roupas no Shopping Ama­rylis, fica no nº 68 e chama-se BeneAmore, onde são vendidas peças íntimas, pijamas e acessórios, sendo todos eles escolhidos com muito carinho para mulheres, homens e crianças.

Seja Única: A área de engenharia costuma ser de povoação predo­mi­nantemente masculina. Quais di­fi­cul­dades, se alguma, enfrentou durante seus anos acadêmicos?


Iara Mourão: Realmente o ramo de engenharia é predominantemente mas­­­culino, mas hoje felizmente as mulheres estão conseguindo cada vez mais ocupar o seu espaço em todas as áreas. Com relação ao curso de engenharia e o de pós-graduação, sempre fui muito bem quista, respeitada e muitas vezes mimada, principalmente pelos rapazes, que até ficavam na fila do xerox por mim, e eu só tinha que pagar (risos). Tanto na faculdade quanto na pós fiz grandes amigos, amigos com os quais mantenho contato até hoje. A única dificuldade que enfrentei foi a aceitação do meu pai, pois na época que prestei o vestibular o ramo da engenharia não estava bom, e ele temia que eu não conseguisse um bom emprego. A dominação masculina era um agravante, mas quando me formei sua atitude mudou radicalmente: fazia questão de dizer a todos que sua filhinha tinha se tornado engenheira!

Redação

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