segunda-feira, 1 de julho de 2013

Inflação de 6,50% onde?

A inflação está incomodando você também? Vamos falar um pouco sobre inflação, velha conhecida do brasileiro. Há algo estranho nos anúncios do governo sobre inflação. Os índices divulgados constantemente pela equipe econômica do governo brasileiro ficam entre 6% e 7% ao ano, porém a maioria dos planos de saúde subiu entre 15% e 18%, as escolas entre 15% e 20%, alimentação em geral em torno de 10% a 15% e como o governo divulga uma inflação de 6% a 7% ao ano?

A questão é bem simples, precisamos entender como esta inflação é medida. No Brasil não existe um índice oficial de inflação, os índices divulgados são compostos por vários outros índices como IPC (Índice de Preços ao Consumidor), INCC (Índice Nacional de Custo de Construção), IGP (Índice Geral de Preços) etc. Cada índice é composto por um grupo
específico de despesas que tem um peso diferente no cálculo final que é divulgado pelo governo. Estes grupos de despesas tentam se aproximar ao padrão de consumo da família brasileira. Outro ponto é que as pesquisas de preços feitas pelos órgãos que calculam estes índices; Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, são feitas somente em grandes capitais. A inflação no Brasil é causada por várias situações econômicas. A inflação atual está sendo causada pelo que nós economistas chamamos de “inflação por demanda” que é o excesso de consumo feito pela população, indústria, comercio, em geral estimulados principalmente pelos gastos do governo que vem investindo pesado em infraestrutura e gastos do dia a dia, como portos, estradas, estádios, bolsa família, salários de servidores etc. Este dinheiro entra diariamente na economia aquecendo as compras. O fato é que do outro lado não existe um investimento no mesmo volume na produção ou serviços em geral, o que gera um consumo alto e uma oferta baixa. De um modo bem simplista, se você tem duas laranjas para vender e quatro compradores, para quem vai vender as laranjas? Obvio para aquele que pagar o valor maior. E é ai que o preço sobe.


O resultado prático disto tudo é que a inflação que você sente em casa não é a mesma divulgada nos meios de comunicação. E tenha certeza que realmente não é. Em uma cidade pequena como Itupeva, ficam claras estas diferenças. Habitação, alimentação, transporte, saúde, vestuário e educação refletem bem este sentimento. Se você teve um reajuste salarial em torno de 6% a 8% com certeza não será suficiente para cobrir os aumentos nas despesas que ocorreram e ocorrerão durante o ano. A sensação de que seu poder de compra está reduzindo não é ilusão é fato. Portanto neste momento a primeira lição para ser colocada em prática é a de tomar muito cuidado com o consumo excessivo, procure não acrescentar novos gastos fixos neste momento como parcela de financiamento ou um pacote mais caro no canal por assinatura. Os preços dos alimentos não vão parar de subir tão cedo e se suas contas não estiverem controladas seu orçamento irá para o vermelho. Os aumentos serão sutis, mas aos poucos sem você perceber estará cada vez mais enrolado. Os pequenos gastos do dia a dia são responsáveis pelos grandes prejuízos no orçamento doméstico.


Fernando Zaniratto

Economista formado pela PUC São Paulo e Especialista em Mercado Financeiro pela Universidade Mackenzie atua como Compliance Officer da Itaú Asset Management.

Nenhum comentário:

Postar um comentário